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      10/04/2011 | Viracopos na memória de Campinas

      Ultimamente, a sociedade campinense vem discutindo a proposta de um deputado federal, cuja base eleitoral encontra-se fixada na cidade de Pirassununga, que propôs, junto à Câmara Federal, a adoção do nome de Orestes Quércia para batizar o Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas.
      Enquete realizada pelo Portal RAC dias após a formulação da proposta parlamentar revelou que 80% dos leitores não gostaram da ideia.


      Todavia, paralelamente, voltaram a brotar comentários, despidos de base histórica, sobre a origem do nome Viracopos, sendo alguns deles baseados na lição do professor Luis Antônio Sacconi, que equivocadamente sustenta que o nome originou-se em razão de brigas que ocorriam no Jardim Itatinga, conhecida zona de meretrício local, ocasião em que os copos viravam durante os furdunços.
      Caso alguém se dispuser a escrever sobre a história da prostituição em Campinas, vai constatar que a segunda mais antiga profissão do mundo, a prostituição, começou no Centro pensões das madames, principalmente na Rua Regente Feijó,
      para, depois, ir para a periferia da cidade, pelos lados do Bosque, depois para o Taquaral, onde pontificou a famosa cortesã Paraguaia, para, afinal, fixar-se no Jardim Itatinga, muito depois do estabelecimento de Viracopos como aeroporto.

      A teoria do professor Sacconi discorda da famosa lenda de que o pároco da igreja de Viracopos, certa feita, teria censurado suas ovelhas que, ao invés de irem à missa, preferiam virar copos em festas que aconteciam no bairro.


      Três inverdades podem aí ser apontadas. A região jamais comportou uma paróquia, que jamais teve párocos e tampouco paroquianos, já que o local era totalmente desabitado, tanto que o visconde de Taunay, ao voltar da Guerra do Paraguai, passando por Campinas, ao invés de voltar por Jundiaí, por onde passara com os heróis da Laguna, tomou a estrada em direção a Itu, e que passava pelo atual bairro dos Campos Elíseos, pelos terrenos da antiga cerâmica dos Mingone, ainda existentes, e pela região de Viracopos, que nem sonhava em contar, no futuro, com uma aeroporto.


      Na verdade, tudo começou com a Revolução de 1932. A aviação rebelde, que tinha sua base principal no Campo de Marte, criou bases em Taubaté, Lorena, Mogi Mirim e Campinas, onde, no local do Aeroporto de Viracopos, foi aberta, com enxadas e picaretas, uma pequena pista de terra, de mil e duzentos metros de comprimento por dezoito de largura, que recebia os cinco aviões, dois deles Potez e três deles Waco, que ali se escondiam para atacar o Sul de Minas Gerais.
      A aviação paulista, que depois recebeu mais oito aviões Curtiss, via Paraguai, causou grandes estragos em Mogi Mirim, cujo campo de aviação foi tomado pelas tropas getulistas.
      Ali, em agosto de 1932, os pilotos rebeldes, conhecidos como Gaviões de Penacho, destruíram cinco aviões legalistas, no solo, lançando sobre eles bombas de 50 libras.
      Ao retornarem a Viracopos, onde os aviões ficavam camuflados, os pilotos, e eram dois por avião, iam para o cassino daquele modesto campo de aviação, para relaxar, virando copos de bebidas, como se vê nos filmes Fly Boys e Wings, sobre
      os pilotos da 1ª Guerra Mundial.
      Os primeiros moradores da região testemunharam a cerimônia do vira copos dos pilotos.
      Após a revolução, o campo foi abandonado, mas restaurado em 1948 pelo governador Adhemar de Barros, e nternacionalizado em 1960 pelo governador Carvalho Pinto.
      Câmara Cascudo explica o significado de virar copos, expressão nordestina. Os livros escritos sobre a epopeia paulista de 32 explicam a origem da primitiva base, hoje aeroporto internacional.

      O resto é lenda, apesar de Rita Lee dizer que toda lenda é a mais pura verdade.



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