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      17/02/2010 | Artur Orsi e a Cultura

      A política cultural na cidade, tema da série de reportagens publicadas pelo Caderno C desde no domingo dia 10/02/2010, foi também a questão abordada na gravação do programa Câmara em Debate, que aconteceu na tarde de ontem, no plenário da Câmara Municipal de Campinas, e que envolveu os vereadores Rafael Zimbaldi (PDT), Artur Orsi (PSDB) e o secretário de Comunicação da Prefeitura, Francisco de Lagos.

      O convidado para o debate inicialmente era o diretor de Cultura Vinicius Gratti, mas o secretário decidiu substituí-lo cerca de uma hora antes do início do programa.

      O resultado foi uma discussão acalorada, que começou com a construção do sambódromo e terminou no desencontro dos números de orçamentos da pasta usados em 2009 apresentados por Lagos e Orsi. Nos bastidores, algumas trocas de farpas.

      A construção do sambódromo, principal questionamento de Orsi em relação ao destino do dinheiro público, que gerou bate-boca no espaço destinado aos artigos do Correio Popular na semana passada, foi abordada por Lagos. Segundo ele, o sambódromo será construído “sem data de entrega e com muita ajuda da iniciativa privada, conforme desejo do prefeito Hélio de Oliveira Santos. A ideia é que lá não seja apenas um espaço destinado ao Carnaval, mas para execução de projetos de creches para o ensino profissionalizante”.

      A apresentadora e intermediadora do debate, Mirna Abreu, questionou então ao secretário sobre os R$ 30 milhões doados pelo Banco do Brasil ao atual governo, cujo destino seria a construção de um complexo cultural que ficaria alocado na Pedreira do Chapadão.

      Lagos definiu o projeto como “inexequível” por ter custo avaliado em R$ 100 milhões. “Como não havia nenhum documento que exigisse exclusividade da destinação da verba para a obra, a destinamos para outros setores”, justificou.

      A discussão esquentou mesmo quando Orsi, com o Caderno C de ontem em mãos, questionou o secretário a respeito da manutenção dos teatros. “Me lembro, na época do prefeito Magalhães Teixeira (1993-96) quando foi realizada uma impermeabilização no teatro devido aos problemas de infiltração, e, mesmo assim, Campinas fazia parte do circuito dos grupos de teatro de todo Brasil”, afirmou. “Hoje, um está funcionando em condições precárias, com refletores
      caindo nas cabeças de atores, e o outro está fechado há três anos”, lembra.

      Como saída, Lagos afirma não restringir a cultura da cidade aos dois teatros. “A cultura não pode ser só os teatros, mas eles são a herança maldita que recebemos dos governos anteriores, que não fizeram sua manutenção de forma adequada”.

      Com cópias de edições do Diário Oficial em mãos, o vereador Orsi questionou Lagos a respeito do orçamento enxuto voltado para a área cultural, a primeira a passar recursos a outras pastas quando há necessidade, nos últimos anos. Ele usou números do relatório de execução orçamentária de 2009 para mostrar que se, de início, a pasta começaria o ano com pouco mais de R$ 24 milhões, acabou investindo mesmo menos de R$ 7 milhões.

      O número foi contestado por Lagos, que garante que a pasta contou com orçamentode R$ 47 milhões. “O senhor está errado, mas se o orçamento de fato fosse esse que o senhor diz, a situação é ainda pior porque houve então incompetência para administrá-lo”, rebateu Orsi.

      A discussão seguiu com Lagos garantindo que os R$ 47 milhões foram para a Cultura no ano passado e que, para este ano, serão R$ 49 milhões.

      Ele gerou dúvida ao afirmar que a folha de pagamento da secretaria — cujos gastos são, em média, de R$ 24 milhões por ano — está incluída na conta e garantiu que o dinheiro da pasta direcionado pelo governo para outros setores acabam voltando para a secretaria.

      Mesmo afirmando que a verba para a Virada Cultural, cuja realização em Campinas este ano foi descartada pela Secretaria de Cultura do Estado, será destinada para os estragos das enchentes, à reportagem do Caderno C, ele nega que outros recursos são voltados para outros fins que não culturais, como na maioria dos municípios do Brasil. “A sorte é que eu tenho apreço pela cultura. Por isso, não é tirado dinheiro da pasta e o orçamento só cresce”.

      Publicada em 10/2/2010
      Caderno C
      Bate-boca na Cultura

      Paula Ribeiro
      DA AGÊNCIA ANHANGUERA
      paula.ribeiro@rac.com.br

      O vereador Artur Orsi (PSDB) vai cobrar um laudo da Prefeitura de Campinas atestando se o teatro do Centro de Convivência Cultural tem condições de receber o público e os artistas com segurança. O requerimento será enviado para votação na próxima quarta-feira. “Ficou claro que vivemos hoje em um apagão cultural”, disse Orsi. (AAN)



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