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      15/03/2010 | Maria Piedade Eça de Almeida - MDC

      CIDADANIA EXIGENTE E RESPONSÁVEL

       

      Reflexão crítica de agradecimento e homenagem ao permanente trabalho e à justa sabedoria do idealizador do MOVIMENTO PELOS DEVERES/direitos DO CIDADÃO e da Escola de Governo em Campinas, nosso sempre Presidente, Professor, Mestre na Vida, Renovador de Ideais  Dr. Roberto Telles Sampaio.

      As numerosas críticas políticas que povoam os jornais de grande circulação parecem que não são lidas com a devida atenção. Não se vê qualquer manifestação pública de indignação ou aprovação... Nosso Brasil parece contente com a realidade política que tem! Recente pesquisa aponta que apenas 4% da população é leitora de jornais e revistas de análise política. Acrescento: leitora passiva, sem efeito pragmático. A inércia, apatia, incapacidade de indignação e individualismo parecem ser soberanos no nosso País. Quase questiono:  o que nos corre nas veias? Soro fisiológico, que nos deixa inertes e apáticos diante de tantos desvarios e desmandos?

      Norberto Bobbio designou este estado estático de perplexidade como ”cultura democrática passiva e não participante” provocadora  da profunda vala dominada pelo “desinteresse e ignorância política que divide e opõe governantes e governados”. No marasmo dessa passividade quase perco a vontade de gritar e provocar para o imediato exercício da Cidadania  livre, responsável e conseqüente.Os

      mais atuais teóricos do Direito afirmam que a Cidadania “expressa um conjunto de direitos que dá à pessoa a possibilidade de participar ativamente da vida e do governo do seu Povo”. Hannah Arendt  talvez por ter sentido na própria carne a condição de excluída de uma Pátria que considerava sua, definiu Cidadania como “o direito a ter direitos”.  E nós como vamos saber ser Cidadãos se permanecemos emblematicamente inertes, espectadores desengajados perante o espetáculo deprimente da maior derrocada dos Valores Cívicos e Humanos que acontece no nosso País? Dizia Voltaire: “Il faut cultiver notre jardin”. Como? Se o nosso belo jardim está tomado , totalmente minado por pragas diversas e ervas daninhas?

      É preciso coragem de lavrador, estratégia de pensador e indignação de mulher e mãe para provocar a caminhada da revolta sadia, obstinada e de vanguarda. O MDC e a Escola de Governo de Campinas ao firmarem um convênio de educação e consciência para o dever da participação de todos (2007) quiseram plantar a semente do dever cidadão de fiscalizar, participar, verificar como se realiza a gestão pública. Foi o primeiro passo na tentativa de aglutinar pessoas dos mais variados segmentos sociais para um contato direto de igual para igual  na dimensão da solidariedade,colher os múltiplos sentidos e significados da responsabilidade e do dever cívico de agir e de atuar no espaço público. Alertar para o “fazer política” dentro da “pollis”, da nossa cidade com um dono legítimo, o Povo que a habita e constrói o Futuro. Das reuniões nos bairros, dos cursos e das palestras realizadas  em 2008/2009 especialmente no curso de Formação de Lideranças Públicas/Comunitárias novas propostas de políticas públicas surgiram, levantadas formas de pressão alternativas para a promoção dessas intervenções políticas no nosso jardim campineiro e se criaram canais efetivos de acompanhamento, participação e cobrança de todas as promessas ouvidas por todos durante as campanhas eleitorais. Foi um começo, pequeno, suave conforme nossas possibilidades, embora muito aquém de nossos desejos! Como disse Mário Sá Carneiro: “um pouco mais de sol, eu fora brasa/ um pouco mais de azul, eu vou além/para chegar, faltou-me um golpe de asa/quem dera permanecer além.” Palavras sábias que nos levam à provocação de corações, que não se contentam em apenas cumprir um direito: o de votar! Precisamos unidos pela coragem dos insubmissos exigir muito mais, tanto direitos como deveres. Posicionarmo-nos pragmaticamente em favor do interesse geral, esquecermos da comodidade individualista, encontrar o caminho  a percorrer de forma imediata entre o atual e desacreditado sistema representativo e a utópica democracia direta. O Brasil somos todos nós e os  benefícios do progresso, da melhoria de renda, da participação no Poder e na capacitação permanente do Saber transformador não podem continuar privilégio exclusivo de poucos e para infelicidade geral da Nação, dos menos valorosos e dos piores exemplos. Devemos permanecer sem trégua no caminho contínuo de luta pela conquista da Cidadania, construída no concreto da vida social e pública nas relações críticas e propositivas que estabelecemos uns com os outros.

      Em ano de eleições, sem a reforma política que queríamos e pela qual nos associamos em manifestos, cartas abertas, correntes de e-mails para todos os congressistas, continuamos vivendo em  um sistema representativo falido; o mandato do  político eleito não é garantia de  sua ação em função do interesse público.Se lutamos pela participação e exercício da plena Cidadania devemos encontrar meios de cobrança e revisão de políticas que de públicas, nada possuem.”No Brasil o povo elege, mas não decide” já dizia Mestre Goofredo Telles Júnior. Devemos empreender a árdua tarefa de desvendar a Justiça, retirar a máscara ideológica da nossa Democracia para mostrar a sordidez da anacrônica oligarquia que nos domina. O sistema político brasileiro está completamente desconectado da sociedade, onde deveria por definição estar fundamentado. O respeito ao Povo no Brasil só é enxergado pelos cegos pela ambição e os aloprados do Poder. A “accountability” anglo-americana como habilidade de resposta aos anseios, necessidades e desejos da população, a responsabilidade e prestação de contas dos governantes  eleitos  como fator importante de garantia de uma correta administração pública, não possui por aqui grande importância.Traduz-se em silenciosas e mínimas cobranças com respostas vagas, perniciosas e confusas.

      A nossa democracia avançou? Mensalão, máfia das ambulâncias, dossiês variados, dinheiro na cueca, na meia,enriquecimento meteórico de condenados pela Justiça, tráfico de influência e informação privilegiada, financiamento ilícito de campanhas eleitorais, Estado/Governo/Partido tudo imerso em uma mesma e uniforme geléia... A corrupção como canal privilegiado de escoamento do dinheiro público ( que é de todos nós) para a implantação de um projeto de Poder que beneficia apena alguns, espoliando declaradamente o Povo ou então lhe dando assistencialmente migalhas, fazendo-o permanecer na condição de miséria por que de mais fácil manipulação, onerando a classe média com uma carga imensa de impostos que a impedem de produzir e não realizam a mínima justiça fiscal.Serão avanços democráticos? Pobre Povo Brasileiro, esculhambado, esquecido, vilipendiado. Será que é possível ainda continuarmos perplexos e inertes? Onde está a indignação latina,  o sangue fervente e a vontade aguerrida de soltar os grilhões da escravatura? Brasil vamos “acordar geral”, agir sem medo, e mostrar a cara de quem é e não tem vergonha de ser Cidadão  correto, justo e solidário. O Futuro dos nossos filhos depende da qualidade e da força de correção das nossas escolhas! Pense nisso...

       

      Autora: Maria da Piedade Eça de Almeida

      *Filósofa Política, Professora Universitária, Secretária Executiva do MDC e Diretora Geral da Escola de Governo em Campinas

      Fonte: site MDC  http://www.escolacidadaniaegoverno.com.br/

       





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