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      24/04/2010 | Orquestra Sinfonica Municipal de Campinas

      A reverência devida à Sinfônica

      A Orquestra Sinfônica de Campinas é um patrimônio que coloca a cidade em um patamar de reconhecimento importante. Mesmo não dispondo de teatros municipais adequados, estrutura em condições precárias e com um foco distanciado da cultura erudita, Campinas mantém sua orquestra com orgulho, como uma marca de um tempo a ser resgatado em cada concerto, em cada apresentação especial, como a dizer que o sublime e o inexorável podem se perpetuar através da arte mais pura.

      A dificuldade de se conseguir a nomeação de um regente titular com dedicação plena expôs uma dificuldade na administração da orquestra, hoje dependente de arranjos para acomodar os variados interesses e limitações (Correio Popular, 22/4, C6). Com efeito, o atual titular Karl Martin, reconhecidamente um músico brilhante e bem aceito pelos demais membros, cumpre um papel de mera formalidade na estrutura da orquestra. Domiciliado na Europa, dispõe-se a reger os músicos campineiros em três incursões anuais à cidade, em breves períodos caracterizados pelo próprio como um “hobby”. Na sua ausência, o maestro Parcival Módolo assume o que chama de direção artística, sem desejar o envolvimento com as demais responsabilidades da titularidade. Dessa forma, as questões administrativas e burocráticas recaem sobre o secretário de Cultura, Arthur Achilles, que chegou afirmar que o acordo foi capaz de “acomodar todo mundo”.

      A dificuldade de se encontrar um regente de respeitável currículo para a titularidade é o oposto do que se poderia esperar. É indiscutível a importância e o porte da Orquestra Sinfônica de Campinas. Sendo assim, a ambição de dirigir um grupo deste porte deve estar presente em muitos profissionais, dispostos a enfrentar o desafio e usufruir de um posto de projeção indiscutível. Também não se justificam acomodações primárias em um órgão que é um investimento histórico do município e que não merece ser considerado como um espaço para vaidades ou mesmo para atividade de recreação.

      Ao palco, possivelmente os acordes e a plasticidade das obras conseguem superar as dificuldades enfrentadas no cotidiano, que começa pelos ensaios e apresentações em um teatro de perfil amador pela sua infraestrutura, as constantes diatribes entre administradores, regentes e músicos contratados, muitas vezes limitadas aos bastidores, e a dificuldade de inserir a música erudita entre as prioridades da pasta de Cultura.

      É uma verdade inelutável que a Orquestra Sinfônica de Campinas está em escala de alta importância e assim deve permanecer. Mais que um assunto técnico, a regência titular é uma necessidade e a garantia de que o trabalho deve superar dificuldades de agenda e de humores, para ter consistência, comando, coerência e segurança, de forma que possam emanar das partituras os únicos ruídos aceitáveis na execução de obras de arte.

       

      Jornal :  Correio Popular

      Publicada em 24/4/2010

      Editorial

       





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