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      10/06/2016 | Clara López Toledo Corrêa

      BRASIL PRECISA CRIAR A CULTURA DA INOVAÇÃO

      * Clara López Toledo Corrêa

      É indiscutível que uma crise econômica nada mais é que o reflexo de uma crise política. Assim, tentar reaquecer o mercado brasileiro e voltar a crescer depende de inúmeros fatores, entre eles a estabilização do cenário político, que desde o ano passado não tem oferecido segurança – independente de partidos e governos das mais variadas esferas.

      Há alguns meses os brasileiros se depararam com incertezas mil – a desaceleração de incalculáveis setores da economia se tornou rotina para a maioria das classes sociais. Isso, não atinge apenas quem vive no País, mas quem nos vê de fora. E, para uma economia que em sua maior parte é dependente do exterior, isso não é nada favorável. Infelizmente tal característica é histórica e cultural, pois nosso mercado sempre dependeu do mercado exterior e de suas caras tecnologias para girar. Não afirmo com toda certeza, que se o Brasil tivesse uma cultura de criar tecnologias, deixaria de perceber a crise atual, pois não creio que seja apenas uma crise nacional, mas mundial. Entretanto, se possuíssemos outro tipo de cultura, encararíamos essa crise de proporções históricas de uma forma melhor.

      Assim, uma das formas de encarar o atual momento seria investir em tecnologias e inovações – o que se faz extremamente difícil para aquela parcela da população que luta para sobreviver ao desemprego e para arcar com suas contas e dívidas. Dessa forma, inovar chega a ser antagônico e não coeso. Não obstante, esse momento em que muitos se retraem seria uma oportunidade de olhar para dentro e iniciar pesquisas para o desenvolvimento de tecnologias próprias, para não mais depender de inovações alienígenas. Isso consequentemente criaria uma economia nacional menos dependente de outros países e mais saudável. Por outro lado, a população se vê mais uma vez de mãos atadas, pois apenas os mais ricos seriam capazes de inovar – e a inovação deve ser acessível a todos! Independente de tamanho e poder econômico.

      Percebemos, desse modo, que o cenário que nos assusta se faz cada vez maior. Entretanto, isso não é uma característica atual, como já mencionado. O povo brasileiro, sempre tão criativo, nunca possuiu a Cultura da Inovação – mesmo que há mais de 10 anos tal cultura venha sendo timidamente pregada por universidades e alguns poucos. Infelizmente, creio ser possível afirmar que mesmo quem lida com inovação acaba não contribuindo muito para ela, como ocorre com o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), que teve  modernizações necessárias nos últimos anos e que facilitou a vida dos inventores e da própria autarquia. Se compararmos com os Escritórios de Propriedade Industrial – como são chamados os órgãos que analisam marcas e patentes, ou seja, tecnologias e inovações, fora do Brasil –, o INPI não oferece tantas ou boas condições para a inovação, uma vez que demoramos em média de seis a oito anos para conceder uma inovação/patente, enquanto no exterior esse prazo chega apenas há quatro anos. De certa forma tal empecilho pode estar relacionado à demanda advinda da falta de cultura de inovar que possuímos. Não obstante, como já explanado, o brasileiro está acostumado com a insegurança histórica de seus governos e economia – como foi o exemplo de uma grande redução do PAC, seja para Minha Casa, Minha Vida, seja para a área da saúde.

      Portanto, para mudarmos uma boa parte do calamitoso cenário atual, temos que mudar completamente a nossa cultura e começar a inovar para ter uma economia robusta e sustentável. E, isso não depende apenas de nossos governantes ou grandes empresários, mas de todos nós!


      *Clara López Toledo Corrêa é advogada da Toledo Corrêa Marcas e Patentes. E-mail – claratoledo@toledocorrea.com.br

      Foto:  Roncon&Graça Comunicações





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