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      25/06/2010 | Vazio cultural e o desterro do poder público

      A atenção aos aspectos culturais nos municípios é essencial na medida em que as iniciativas devem sempre privilegiar uma educação continuada a partir do oferecimento de opções de lazer, entretenimento, atividades artísticas e pesquisas. O imenso leque das possibilidades culturais abrange todas as formas de expressão, a reflexão histórica, a troca de informações e o desenvolvimento a cidadania plena.

      A Região Metropolitana de Campinas (RMC) não tem privilegiado seu contexto cultural, aprofundando um vazio que reflete a falta de iniciativa oficial para incrementar a arte, o acervo de produção da inteligência local, apresentando-se em políticas equivocadas, prioridades popularescas, condenando a classe artística a um desterro involuntário em busca de espaço para apresentações. Levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) detalha este quadro de contradições, mostrando que a pujança da região não se reflete em equipamentos culturais e de lazer. Para se ter uma ideia da deficiência no setor, dos 19 municípios da RMC, onze sequer têm uma sala de cinema (Correio Popular, 20/6, A9).

      A situação em muitos municípios é de penúria. Faltam salas para projeção de filmes, museus, bibliotecas, centros culturais ou livrarias, transformando a atividade cultural num programa de elite, reservado a quem tenha condições financeiras de bancar a busca por informação ou lazer em centros maiores. A queixa maior dos moradores é a dificuldade e o alto custo para se deslocar a cidades vizinhas, ainda que por uma sessão de cinema ou teatro — este cada vez mais raro na região.

      Há evidentes contradições, como no caso de Paulínia, que ostenta um teatro magnífico, investe em um polo cinematográfico e não conta com salas de projeção. Campinas também virou as costas à sua tradição e raízes de centro cultural que remetem aos anos 70, para priorizar eventos populares, enquanto o teatro do Centro de Convivência está em estado crítico e o José de Castro Mendes em interminável processo de reforma há três anos. As reclamações dos grupos da cidade prendem-se à falta de apoio, ausência de eventos e projetos de apoio e incremento à atividade artística.

      Em uma nação na qual a cultura é produto reverenciado por uma pequena parcela da população, exaltar a ignorância e falta de formação como qualidades passa longe de um padrão ideal de desenvolvimento. A informação cultural é imprescindível para a formação de cidadãos, para o aperfeiçoamento do espírito crítico e mesmo para a difusão de formas de entretenimento saudáveis, seguras e construtivas. Eventos populares têm seu espaço na constituição do cabedal de cultura da sociedade, mas não podem e não devem excluir condições de apresentação de alto nível.

       

      Publicada em 25/6/2010
      Correio Popular
      Editorial




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